
Republic F-84G Thunderjet n.º 5187 («5131»)
O F-84 Thunderjet é um caça que foi desenvolvido no final da Segunda Guerra Mundial destinado a equipar a United States Air Force (USAF) com um avião de combate a jato de ampla utilização. A versão F-84G («Golf»), foi a mais produzida desta aeronave, tendo sido construídas um total de 3.025 unidades. Destas, no entanto, apenas 789 seriam integradas na USAF. Os restantes 2.236 aviões viriam a ser cedidos a várias nações ao abrigo do «Military Defense Assistance Program» (MDAP), programa de auxílio militar norte-americano. Os países membros da NATO/OTAN receberam 1.936 desta versão do F-84 Thunderjet. Portugal, membro fundador da daquela organização, viria a receber um total de 125 destas aeronaves. Estes aviões, os primeiros a caças a reação que equiparam a Força Aérea Portuguesa (FAP), a partir de 1953, pouco depois da criação deste Ramo das Forças Armadas, foram destinados às esquadras do Grupo Operacional de Aviação de Caça, mais tarde Grupo Operacional 201 (GO 201) da Base Aérea n.º 2 (BA2), na Ota.
Percurso operacional do F-84G n.º 5187
Referindo especificamente o exemplar que se encontra em exposição no Museu do Ar, retrata-se aqui o percurso do F-84G com o número de cauda 5187 que foi restaurado como n.º 5131. O avião com o número de série USAF «51-9928» foi produzido nas instalações da empresa aeronáutica Republic Aviation Company, em Farmingdale, Long Island, em Nova Iorque (EUA), incluído no bloco de fabrico F-84G-6-RE, sob o número de construção 2042-381B. Saído da fábrica, foi destinado a equipar a Armée de l'air (Força Aérea Francesa), sendo integrado na 3e Escadre de Chasse da Base Aérea de Reims-Champagne, ficando adstrito ao Escadron de Chasse 2/3 «Champagne». Aqui cumpriu uma curta carreira pois, pouco tempo depois, em 1956, foi devolvido à USAF, e através do MDAP, foi então posteriormente fornecido à FAP.
Ao ser aumentado à carga da FAP, o F-84G 51-9928 assumiu a matrícula n.º 5187 sendo inicialmente colocado ao serviço do GO 201 para colmatar perdas por atrição anteriores. No início de 1958 ingressou no rol de aviões que equiparam a patrulha acrobática «Dragões». A sua pintura original seria, em junho do mesmo ano, alterada de modo que a sua silhueta tivesse mais impacto junto do público. Para este efeito foram adicionadas listas diagonais paralelas na parte anterior e posterior da fuselagem. Pintadas junto ao nariz do avião, as listas eram compostas pela a primeira tonalidade verde seguida de um estreito filete branco separando a segunda lista de corpo cheio em vermelho. Na patrulha acrobática «Dragões» o n.º 5187 era normalmente o avião de reserva, contudo, foi, por exemplo, chamado a fazer a exibição do Meeting des Nations, realizado em 29 de junho de 1958 perante um público de cerca de 100.000 espectadores na base aérea de Bierset, na Bélgica. No dia 5 de julho, exibiu-se com a patrulha num novo festival aéreo, desta vez na base aérea holandesa de Soestberg. É possível, pois, comprovar que para além das missões militares que lhe foram atribuídas, este avião teve uma carreira ligada à acrobacia em que elevou o nome de Portugal e deu a conhecer a FAP a incontável público, não só em território nacional como no estrangeiro. A patrulha acrobática viria a ser, no entanto, dissolvida durante a segunda metade de 1958. Os seus membros, pilotos do GO 201, iriam ser mobilizados para uma nova tarefa: operar os recém-chegados F-86F Sabre.

F-84G Thunderjet n.º 5184
Recuperação do representante da frota F-84G
Já no ocaso da carreira operacional dos Thunderjet na FAP, em 1961, um lote de vinte e cinco F-84G foram preparados e enviados para Angola onde viriam a formar a Esquadra n.º 93 «Magníficos». O F-84G n.º 5187 não integrou este lote, tendo sido abatido à carga da FAP, pouco tempo depois. Uma vez inibido, foi armazenado, passando a integrar o espólio do Museu do Ar, onde foi incorporado no inventário sob o n.º 1639. Em 2012, os dois Thunderjet então confiados à guarda do Museu do Ar, os n.ºs 5176 e 5187, foram transportados para o Pólo de Ovar, local onde viriam a ser recuperados. Estas eram notícias há muitos anos desejadas pela larga comunidade de entusiastas da História da Aviação Militar Portuguesa. Foram, assim, acolhidas com grande satisfação as informações que davam conta que à equipa de técnicos militares, se juntava um grupo de voluntários civis designado por «1754 Restauradores», trabalhavam afincadamente em ambos os aviões. Seria, no entanto, com bastante desalento que a mesma comunidade de entusiastas da «causa aérea» tomou conhecimento que seria apenas um dos F-84G a ser recuperado, o n.º 5187 dos «Dragões». O n.º 5176 acabaria por ter como destino doar as suas peças para que o seu congénere ficasse completo.
O F-84G n.º 5187 foi recuperado para exposição em 2016, como n.º 5131.
O «Dragão» n.º 5187 assumiu, como resultado do processo de recuperação, a identidade de um aparelho com uma curta e relativamente «anónima» carreira operacional na FAP. Foi pintado com o número de cauda n.º 5131, ostentando a pintura da Esquadra n.º 21 «Barretes». O autêntico n.º 5131, foi recebido em abril de 1954 e abatido à carga cerca de quatro anos depois, em 1958. O avião recuperado, foi apresentado ao público em junho de 2016. Posteriormente, durante o ano de 2018, o n.º 5187, desta feita já como «5131», foi transportado para as instalações do Museu do Ar, na Granja do Marquês, em Sintra, local onde se encontra exposto.